
Em 1977, porque ao Comando dos Bombeiros Novos tivesse sido cometida a responsabilidade operacional na zona lagunar da Ria de Aveiro, abrangendo todos os canais da área da então Freguesia de Vera- Cruz até à povoação de S. Jacinto ; e, desta até ào Muranzel, o então Comandante dos Bombeiros Novos, Sr. Eng. João Oliveira Barrosa, ciente da dificuldade de aceder àquelas zonas em tempo útil duma primeira intervenção em caso de sinistro, decidiu destacar para S. Jacinto 1(uma) secção de bombeiros (-), a qual, além do material indispensável para uma primeira intervenção, recebeu uma ambulância para socorro e transporte de doentes.
Ao longo dos anos que se seguiram, o funcionamento desta Secção destacada viveu alguns sobressaltos, sempre motivados pelas carências de material e equipamento, as quais, nem sempre, a Direcção e o Comando dos Bombeiros Novos, à época, puderam resolver.
Por este motivo, malgrado os esforços da Junta de Freguesia, dos próprios Bombeiros da Secção de S. Jacinto, e, da população, jamais se conseguiu garantir, por uma razão ou por outra, mas sempre à volta da falta de meios, o bom e eficaz funcionamento da Secção, o qual ia sistematicamente apresentando indícios claros de agravamento da sua situação funcional, a ponto de, a determinada altura, no finais da década de noventa, ter sido aventada a hipótese da sua desactivação.

Nestas condições, as acções de protecção civil em proveito da população de S. Jacinto e da população flutuante que visita esta Praia no verão estavam comprometidas, exigindo dos Bombeiros mais eficácia, o que só seria possível, se fosse restabelecida a vontade e o moral dos seus elementos, um tanto abalados pela precária situação que então se verificava; e, se se conseguisse que a Secção fosse dotada de melhores e mais meios específicos da prestação do socorro e do combate do sinistro, bem como dos meios necessários ao transporte de emergência médica e de doentes. E assim, para que lhe fosse possível conferir à população uma maior tranquilidade; e, garantir-lhe mais e melhor segurança, sem que se descurasse a própria segurança dos bombeiros durante o desenrolar da sua actividade operacional .
O reconhecimento por parte do Comandante dos BN e pelos próprios Bombeiros da Secção de S. Jacinto desta situação, veio a motivar a implementação dum conjunto de medidas no sector da Administração do Pessoal, da Administração e da Logística que, pela sua natureza, pudesse restabelecer e dar corpo a uma verdadeira Secção de Bombeiros, em tudo semelhante às secções orgânicas dos Bombeiros Novos.

Para o efeito, o Comandante dos BN, incondicionalmente apoiado pela Direcção, levou à execução o seu projecto de reestruturação da Secção de Bombeiros em S. Jacinto, tendo de imediato iniciado um processo de aumento de efectivos devidamente treinados para o cumprimento das tarefas e missão da Secção de Bombeiros; o reforço dos meios de combate de incêndios e dos transportes de emergência médica e inter-hospitalar, por forma a garantir a prontidão requerida para a primeira intervenção, a qualquer hora do dia ou da noite.
Este processo, apoiado pela Câmara Municipal de Aveiro e pela Junta de Freguesia de S. Jacinto através da concessão de subsídios para aquisição de material e equipamento exclusivamente destinado à Secção de S. Jacinto, começou a tomar forma e a evoluir com alguma celeridade. De notar, neste âmbito, a atribuição pela Junta de Freguesia de S. Jacinto aos BN, em 2001, de uma ambulância de socorro (ABSC), a empenhar normalmente ao serviço da Secção de S. Jacinto. Esta viatura, dotada de todo o material e equipamento sanitário requerido por Lei para a emergência médica, veio substituir a velha e única ambulância então existente, a qual, pelo seu estado e tipo, já não conferia a eficácia e a segurança que este tipo de veículos deve deter, para que fosse possível executar em segurança o serviço específico que já à data não parava de crescer.

Esta viatura especial veio aumentar a frota automóvel então existente, composta pelos VLCI 01; e VOPE 01. De notar que esta última viatura, um protótipo duma viatura destinada ao Exército que nunca chegou a ser produzida, é única a nível nacional, detendo características que lhe conferem grande capacidade de manobra em qualquer tipo de terreno, podendo ser empenhada em operações de diversa natureza, incluindo o combate de incêndios florestais.
Além destas viaturas, no âmbito da reestruturação iniciada em 2000, foi transferido do Quartel sede dos BN para a Secção de S. Jacinto o VUCI 03, convenientemente equipado para apoiar operações de busca e salvamento em espaços confinados e com grande concentração de gases; operações de desencarceramento manual para o salvamento de pessoas encarceradas; e operações de combate de fogos urbanos e industriais.
Prosseguindo o processo de reapetrechamento da Secção de Bombeiros de S. Jacinto no sector das viaturas de combate, e, por motivo das características muito especiais da sua zona de actuação própria, o Comandante desenhou e propôs a aquisição, a expensas próprias dos BN, de uma viatura que, por construção, reunisse as melhores condições para poder operar em cenários em que os areais, as praias, o mar e a floresta, são factores muito comuns da referida da zona de intervenção dos bombeiros de S. Jacinto. Concebeu-se, assim, o VLCI 03, o qual, em 2003, é aumentado ao património dos BN e atribuído à Secção de S. Jacinto, equipado e pronto para ser empenhado em operações de combate de fogos urbanos e florestais, além de operações de socorro e de transporte de emergência de náufragos, ou doentes, a partir das praias, ou de locais que não permitam a acessibilidade das ambulâncias. Para este efeito, esta viatura equipa uma maca, a qual se encontra instalada na sua parte superior.
Além das viaturas já referidas colocadas ao serviço da Secção de S. Jacinto no âmbito da sua reestruturação, o Comando dos BN, atendendo à situação geográfica da Secção em zona lagunar, transferiu para S. Jacinto 1(um) Bote de Salvamento e Resgate-BSRS, equipado com um motor de 60 HP, destinado fundamentalmente a ser empregue em operações de busca e salvamento e em operações de mergulhadores, podendo , porém, executar operações de segurança e de apoio à conduta de eventos desportivos náuticos nos planos de água próprios. Esta embarcação é rebocada por um Jeep CJ-5 atribuído à Secção.
Além do material até aqui referido e à medida em foi sendo adquirido para todo o CB, a Secção de S. Jacinto recebeu, para toda a sua guarnição, todo o equipamento individual de combate e de protecção de boa qualidade, do qual se releva os Capacetes “ Gallet”; os Fatos de Combate “ Nomex”; os Botins de Bombeiro; os Fatos de Mergulho; os Aparelhos Respiratórios “ Arica”; as ferramentas e equipamentos individuais e de emprego colectivo específicos da actividade dos bombeiros.
Mas a reestruturação não se contemplaria apenas com as despesas relativas à obtenção dos meios materiais, pois que, nos dias que correm, os responsáveis pela unidades de bombeiros têm a consciência que o combate eficaz do sinistro e o exercício das demais actividades específicas, impõe aos bombeiros uma vasta formação de base e de especialidades complementares, além do exercício da formação contínua dos seus efectivos. Por assim ser, e, em função das necessidades de carácter operacional e dos meios existentes, assim foram levados à execução vários cursos e estágios destinados à guarnição de S. Jacinto, quase sempre a totais expensas dos BN, nomeadamente cursos de TAT (Tripulante de Ambulância de Transporte) e TAS( Tripulante de Ambulância de Socorro; Curso de TT 4x4 (Condução de Viaturas em Todo o Terreno); Cursos de Salvamento e Desencarceramento; Curso de Combate de Incêndios Urbanos e Industriais e Curso de Mergulhadores e de Bombeiro-Mergulhador.

Apesar do grande esforço administrativo-logístico dispendido pelos BN, ao qual não são alheios a CMA e a Junta de Freguesia de S. Jacinto, poder-se-á concluir, porém, que o processo da reestruturação da Secção de Bombeiros de S. Jacinto não está ainda terminado, muito embora esteja garantida já a sustentabilidade necessária ao seu bom funcionamento dirigido ao cumprimento das tarefas e da missão estabelecida para a Secção.
Na verdade, o processo não está ainda encerrado, pois é intenção do Comando dos Bombeiros Novos melhorar quantitativa e qualitativamente os meios em pessoal e material existentes, por forma a aumentar a eficácia da Secção, ao mesmo tempo que a Direcção pretende promover a melhoraria das suas condições de aquartelamento, através da implementação das obras de adaptação recentemente protocoladas com a CMA e a Junta de Freguesia de S. Jacinto, das antigas instalações duma antiga unidade fabril cedidas aos BN pela Junta de Freguesia de S. Jacinto, para servir de quartel.